CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA

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sexta-feira, 19 de abril de 2013

13

Autor: Joey Spooky Rose

Notas do autor

Aos religiosos, pessoas com problemas de coração e/ou não suportam emoções fortes, e também as pessoas com intolerância a histórias macabras de exorcismo, peço para que não leiam esta história fictícia. Tal história não foi baseada em fatos reais, porém, é de forte emoção e de palavreado chulo. Religiosos certamente não gostarão muito do que poderão ler. Menores de idade não devem ler esta história.
Aos que entendem o latim: a linguagem em latim foi traduzida do português para a língua, pelo tradutor google, a tradução pode estar errada. Algumas palavras escritas são utilizadas em rituais religiosos.
Não repita esta história na vida real, não brinque com suas palavras e o mais importante, não provoque forças que você não conhece.
AS PESSOAS SÓ TEM FÉ NAQUILO QUE PODEM VER E SENTIR.¹
QUALQUER NOME DITO, CHAMA A ATENÇÃO DAQUELE QUE OUVIR. COMO QUANDO CHAMAM SEU NOME E VOCÊ SE VIRA PARA DAR ATENÇÃO.²
Não me responsabilizo por qualquer problema causado ao leitor por causa desta história.
Repito, se você tem problema de coração e/ou não suporta emoções fortes, se é religioso: NÃO LEIA.

Atenciosamente, J.P. Rose. 


13


Em uma tarde fria, encontrei um velho senhor sentado no banco de uma praça. Era o parque central, um dos mais belos da cidade. O parque era gigantesco com pista de caminhada, pista de bicicleta, árvores, um enorme lago, com muitos pássaros, flores, enfim...
O encontro estava marcado.
-Que bom que o senhor veio!
-Recebi seu chamado. Em que posso ajudar...?
O velho de casaco um pouco gasto, cachecol marrom, calça jeans e um chapéu preto, fumando seu cigarro começou a explicação do porque de ter me chamado com tanta urgência. Era um tempo difícil, o inverno havia chegado com força e o mito havia novamente se revelado.
Passei quatro anos estudando no seminário até que finalmente me tornei padre. Confesso que quase desisti logo no terceiro ano, até que em um dia de chuva uma jovem que aparentava ter uns vinte e dois anos acabou sendo atropelada na minha frente. Quando corri para socorre-la, mesmo que em mim houve-se o pensamento da desistência, ela me pediu para ser abençoada.
Eu não quero morrer assim padre. Por favor, me abençoe... Dizia aquela assustada criança. Mesmo sem saber o que fazer, com ela em meus braços, eu abençoei.
Pelos poderes a mim investidos, peço para você Pai, que abençoe esta pequena criança assustada. Que  ela seja purificada de todos os seus pecados e que sua alma possa viajar em paz. Que o senhor permita  quela viva em paz no reino que preparaste. Eu vos abençoo In nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti. Amen.
Aquela pequena jovem veio a falecer em meus braços.
Na manhã seguinte, no seminário, o bispo sentou-se ao meu lado no banco da pequena praça e começou a conversar comigo. Mesmo que eu estivesse lendo um livro naquele momento...
-Eu vi o que aconteceu ontem...
-Do que o senhor fala?
-A moça... A benção...
-Eu fiz aquilo que ela me pediu, bispo...
-Eu li a sua última carta. Você não deve desistir.
-Por que não?
-Cristo colocou aquela jovem alma em sua partida, em seus braços. Ele quer que você fique, o que aconteceu ontem, não foi por acaso.
Por incrível que pareça, eu passei a noite  daquele dia, pensando o mesmo. Assim como passei a noite chorando nos braços de um de meus colegas de quarto. O padre Jorge.
Desde então eu decidi por ficar. O que não me fez arrepender.

-Pediste para que eu vieste, dissestes para o bispo que é um assunto urgente. Em que posso ajuda-lo?
-Minha filha padre... Minha filha!
-Por favor, se acalme. O que aconteceu?
O homem começou a chorar em desespero.
-Você precisa ajuda-la, eu não sei o que fazer!
-Ajudarei-o no que for preciso, mas preciso saber o que aconteceu.
-Venha! Vamos até a minha casa e verás!
-Vamos.
-A propósito, meu nome é Carlos, pai de Claudia.
-Sou o padre Pedro.
Caminhamos até a sua casa. Ao entrar, tirei meu casaco e dei para a esposa de Carlos. Seu nome era Celeste e ela chorava muito. Seu olhar era como um pedido desesperado de ajuda.
O primeiro grito, veio do andar de cima, em seguida barulhos,como a de uma pessoa se debatendo.
Levei um susto na hora e imediatamente subi as escadas. Conforme fui subindo com Carlos, o ambiente parecia ficar mais frio e escuro. Senti um gelo na barriga. Nunca imaginei que eu pudesse ver o que vi.

-Ex omnibus legionibus lucescat volo! Rex qui sedet in solio ego! Deus ego sum! Ego tenebris! Ego inferni! Quid linguis absumuntur ab stultōrum! Sanguis effusus est super terram! Et ascenderunt de cineribus peccator! Fractusque cornu ego sum Gabrihel! (De todas as legiões eu surgi! Eu sou o rei que agora senta no trono! Eu sou o Deus! Eu sou as trevas! Eu sou o infernal! Que as línguas sejam engolidas pelos tolos! O sangue foi derramado ao solo! Eu surgi das cinzas do pecador! Eu sou a asa quebrada de Gabriel!)
No momento agradeci a Deus por me manter, com a minha água benta sempre em minha bolsa. Sem pensar, corri para segurar aquela jovem moça. Ela se debatia no chão e seu corpo estava se contorcendo de mais, pensei que ela poderia quebrar algum osso ou até mesmo a coluna.
Qualquer um teria quebrado a coluna estando nesta posição! Pensei enquanto a via gritar.

-In nomine Patris, Filii! Benedico et Spiritui Sancto! Locus originis iubeo te redire, quod non alicui malum! (Em nome do Pai! Do Filho! E do Espírito Santo eu vos abençoo! Eu ordeno que volte para o seu local de origem, onde não faça mal a ninguém!) Rápido! segure-a! Coloque-a na cama e amarre seus braços e pernas imediatamente!
O homem parecia muito assustado. Tive de repetir três vezes aos gritos para que ele fizesse o que pedi.
-Vamos Carlos! Rápido! 
Prendemos aquela moça em sua cama. Carlos saiu correndo rapidamente do quarto, indo ao banheiro ao lado, para lavar seu rosto.
A moça parecia ter se calado, estava aparentemente calma. Foi então que decidi descer as escadas até a sala de visitas para conversar com os pais da moça.

-Sou o padre Pedro.
-Sou Celeste, mãe de Claudia. 
-Deus vos abençoe Claudia.
Carlos ainda assustado e pálido, desceu as escadas.
-Padre o que está acontecendo com a minha filha?!
-Carlos sinto em dizer, mas ao que parece, sua filha pode estar possuída. Antes de tudo, preciso saber se vocês a levaram ao psiquiatra. Ela sobre algum distúrbio?
-Não padre! Ela era uma moça calma, estudiosa, mas começou a se interessar por coisas estranhas, como símbolos e demonologia como ela chamava.
-Vocês tem algum documento que prove que ela compareceu ao psiquiatra? 
-Sim padre.
-Ele disse se ela tem algum problema?
-Não padre. Ele disse que ela não tem problema nenhum e assim como dissemos a ele, ela nunca foi mal tratada, sempre demos do bom e do melhor pra ela. Ela sempre foi mimada por ser a filha única.
-Aqui está padre. A documentação do psiquiatra, os exames também estão aí.
-É... Aqui ele diz que ela não sofre nenhum distúrbio ou gênero. Seu perfil é totalmente normal...
-Padre o que está acontecendo? Você pode nos ajudar?!
-Preciso levar isto ao bispo e pedir permissão para realizar um ritual de exorcismo.
Celeste começou a chorar em desespero nos ombros de Carlos. Pouco depois Carlos me leva até a porta e em silêncio me retirei.
Ao chegar na igreja, conversei com o bispo e mostrei os exames e a declaração do psiquiatra.

-Padre Pedro, preciso que você volte novamente naquela casa. Desta vez irei com você. Preciso que tire fotos para que possamos ter uma noção do que realmente possa ser.
No dia seguinte voltamos na casa de Carlos. Sua filha parecia ter piorado. Agora ela agredia a ela mesma, se cortando e dando tapas em sua face. O bispo ficou assustado.

-Confesso que já fiz alguns exorcismos, mas nunca vi algo assim. Preciso enviar isso ao Vaticano e pedir permissão de meus superiores para que eu possa fazer o ritual de exorcismo.
-Ela realmente está...
-Sinto muito Celeste, mas ao que parece sim.
Gravamos tudo, durante todo o tempo, o que Claudia falava. Enviamos ao Vaticano no mesmo dia, às 17h30m. No dia seguinte obtivemos respostas e estávamos autorizados a praticar tal ritual.
O bispo chamou um padre que havia feito apenas dois exorcismos. Ele tinha na base de cinquenta anos de idade mais ou menos e era experiente.
No dia seguinte, depois de receber a autorização, voltamos à casa de Carlos para nos certificar que realmente era isso que ele queria.
-Tal ritual é cansativo e poderá exigir muito de sua filha. Já fiz dois exorcismos, um a vítima faleceu dois dias depois. O outro, a vítima acabou por ficar louca e foi internada. Não é um ritual simples Carlos, você tem certeza?
-Sim padre! Por favor, salve a minha Claudia!
Depois de Carlos e Celeste assinarem um papel de permissão para tal ritual, o padre e eu começamos a nos preparar. Separamos os itens sagrados, água benta e nos vestimos. 
-Padre Pedro, você já fez isso antes?
-Não padre João. Tenho apenas um ano como padre...
-Seja lá o que ela disser, não escute. Seja lá o que ela tentar fazer, não permita. Não pare de fazer o que eu mandar, não pare de rezar, mantenha-se concentrado no ritual. Não pare, por nada!
-Sim senhor.
Comecei a ficar assustado, mas mantive a minha concentração.

-Em nome do senhor Jesus Cristo, eu padre João abençoo e o protejo padre Pedro. Senhor... Que seu filho seja consagrado por seu manto. Que a virgem Maria nos proteja durante este trabalho. Que a nós nada atinja. Dez mil cairão ao nosso lado e dez mil a nossa direita, mas a nós, nada atingirá! Que Deus esteja conosco.
-Ele está no meio de nós.
-Eu vos abençoo padre Pedro, In nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti.
Entramos finalmente no quarto. Colocamos nossos itens sagrados em uma escrivaninha que se encontrava ao lado da porta. Beijamos a cruz santa e começamos o ritual. Como o padre João era mais experiente, eu apenas dei apoio durante todo o tempo.
-Que Deus esteja conosco!
-Ele está no meio de nós.
-Orações ao alto.
Quando a cruz foi erguida para o alto, Claudia olhou com um olhar de ódio, um ódio impuro e insano, do qual jamais havia visto nem mesmo em um criminoso. Uma risada se ecoou no quarto e os gritos de Claudia começaram.
-Cristo! Ó pai de todo o universo!
-Filii canis! Bastardus! Fake! Mendacium! Nothus! (Filho da p****! Bastardo! Falso! A mentira! O  bastardo!)-Gritava Claudia.
O padre João começou a jogar água benta sobre Claudia ordenando que ele dissesse seu nome.
-Em nome de Cristo! Eu vos tiro desta criança! Que digas o seu nome ao ser purificado!
Claudia começou a rir e logo seu rosto se fechou com aquele olhar de ódio. O gritos rasgados ficaram cada vez mais horrendos a cada nome dito por aquela criatura que não poderíamos mais chamar de Claudia.
-Tredecim! Tredecim! (13 ! 13 !)
O demônio gritava rapidamente com muito ódio.
-Pela cruz de Cristo e por todo o seu poder, eu vos tiro desta criança! Que você volte ao local de origem, onde não faça mal a ninguém!
Virando-se para mim, João pede para que eu começasse a rezar.
-Pedro comece a rezar agora!
-Oremos! Ó Deus pai do universo! Criador do universo! Pater noster, qui es in cælis. Sanctificetur nomen tuum. Veni regnum tuum. Fiat voluntas tua! Sicut in coelo et in terra!
O demônio começou a rir, nos provocando. O padre João foi até ele e colocou o crucifixo em sua testa, neste momento o demônio começou a falar seu único nome. Legião! XIII! XIII!.
Comecei a orar um pouco mais rápido enquanto João sussurrava algumas palavras ainda com o crucifixo na testa do Legião.
Quanto mais rezávamos, mais irritado ele ficava. No momento em que o padre João citou o nome dos anjos, Legião começou a chorar sangue e a cuspir uma grande quantidade de sangue.
-Provavelmente ela esteja com hemorragia interna!
Continuei rezando e a cada palavra, eu falava mais alto. Legião parecia estar sendo dominado e ao mesmo tempo parecia estar ficando cada vez mais forte. Seu peito se elevou e sua pele em algumas partes começou a rasgar e enquanto isso ele ria muito. Seus olhos brancos pareciam lanternas naquele quarto escuro. Quando finalmente eu acabei de rezar, João começou a falar mais baixo e aquela criatura começou a se acalmar.
-Que você esteja agora em seu local de origem, que esteja trancado por todas as chaves do portão infernal. Que Cristo abençoe esta jovem criança que agora descansa ao som das arpas de Miguel. Que as espadas dos anjos toque sua cabeça e que Claudia viva em paz por toda a eternidade. Eu vos abençoo , In nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti ... Amen!
-Amen!
Logo que fechei a bíblia, Claudia abriu os olhos lentamente e com uma voz fraca respondeu "Amém".
A ambulância chegou, assim como a polícia. Mostramos as documentações do psiquiatra, do Vaticano e o certificado de autorização de Carlos e Claudia. E em seguida fomos liberados.
Um ano depois, a jovem Claudia havia se mudado de casa e agora tinha quinze anos e vivia uma vida feliz, sem traumas do que aconteceu antes. Sem tocar muito no assunto, Claudia dizia ter doze amigos que eram extremamente próximos a ela, que vieram a falecer em um acidente de carro alguns meses antes. Claudia estava no acidente, mas sobreviveu.
Os símbolos e seu estudo sobre demonologia, ela explicou que aconteceram porque Claudia alguns meses antes do exorcismo estava tendo sonhos e visões estranhas e decidiu estudar sobre o oculto como uma forma de proteção para estes sonhos e visões e para saber o que significavam.

Em seu sonho Claudia me disse que seus doze amigos puxavam ela para um enorme abismo, mas que ela reagia e lutava contra sua queda.
Claudia agora vivia bem e terminava seus estudos. Ela tinha o sonho de ser psicologa e ajudar crianças.
Alguns meses depois do exorcismo, me dediquei mais ainda a igreja. Minha fé cresceu e hoje, cuido de minha própria igreja e ajudo crianças carentes. Também dou aula em uma universidade.
O padre João veio a falecer, devido a sua idade.
Carlos trabalhava, ele e Celeste davam o máximo de atenção para Claudia. Celeste estava grávida de sete meses. Era um menino, que tomara meu nome, em minha homenagem.
Eu visito eles com frequência, como diz Celeste eu me tornei um membro da família.


segunda-feira, 15 de abril de 2013

O CASO '' CLIFFORD HOYT'' A VISITA AO INFERNO



Clifford Hoyt, de 31 anos, sofreu graves ferimentos em um acidente de trânsito, em 1999.

Após recobrar sua consciência, ele contou pra uma enfermeira aterrorizada que ele havia morrido e visitado o inferno. Ele disse sobre as torturas e agonias que passou com detalhes amedrontadores. Recusando tratamento psicológico, ele teve alta.

Várias semanas depois, os vizinhos de Hoyt começaram a reclamar que uma música estranha estava tocando em seu apartamento durante a noite toda. Ao ir lá investigar, o dono do prédio encontrou Clifford Hoyt nesse estado. O Sr. Hoyt ainda estava bem lúcido, e protestou quando o proprietário disse que ia chamar a polícia. Preocupado com os danos em sua propriedade, ele tirou várias fotos do apartamento, e esta imagem é uma delas. Ele foi embora e contatou a família de Clifford, que buscou as autoridades.

Hoyt alegou que os demônios do inferno ainda estavam tentando capturá-lo. Ele explicou que seu corpo iria queimar incessantemente, a não ser que ele tocasse aquela música para espantar os demônios. Ele saía de casa raramente, por curtos períodos de tempo, apenas para conseguir suprimentos mínimos para sua sobrevivência, e enormes blocos de gelo para minimizar as queimaduras que ele sentia quando tentava dormir.
Doutores classificaram as ações de Clifford Hoyt como resultado de algum dano cerebral que ele sofreu no acidente. Atualmente, ele está internado em uma clínica para doentes mentais em Maryland.

sábado, 6 de abril de 2013

Dallas


Autor: Joey Spooky Rose

- ­Dallas-


Roger e eu iríamos passar alguns meses de férias numa pequena cidade chamada Tristan. Era uma pequena cidade, tranquila, onde poderíamos relaxar tranquilamente.
O problema é que o nosso carro acabou quebrando no meio da estrada deserta e pouco escura, onde se encontrava do lado esquerdo um posto de gasolina com um pequeno restaurante, o qual havia no máximo cinco pessoas, tirando as que trabalhavam ali. Do outro lado tinha apenas árvores.
Paramos o carro Toyota no posto de gasolina, comemos alguma coisa rápida na conveniência e então procuramos saber onde ficaria a cidade mais próxima.
-A cidade próxima não fica muito longe, seguindo a frente da estrada vocês verão uma placa velha com o nome de “Dallas” mandando virar à direita e na mesma placa outra cidade, que indica para continuar a frente. Não vá para Dallas, vá para a cidade seguinte, que não é tão longe. Acabei de dar uma olhada no seu carro, o problema não é muito grande, mas também não sei dizer ao certo o que é. Vá até a cidade Jaurus que lá terá um mecânico para dizer melhor o que houve com o carro. Seu carro aguentará chegar tranquilamente até Jaurus.
Informava o frentista do posto de gasolina.
Seguimos em frente ainda com o carro um pouco ruim. Quando chegamos perto da placa descrita pelo frentista, o carro começou a piorar. O som que Roger ouvia no carro começou a desligar e ligar sozinho, o carro fez um barulho estranho como se fosse parar de vez. Foi nesse momento que Roger e eu olhamos para a direita e seguimos para a pequena cidade chamada Dallas.
A cidade estava deserta, alguns gatos caminhavam pelas ruas. E nada mais.
Vimos uma placa velha com uma luz vermelha escrita “Hotel”, o H estava quebrado, pendurado sob a janela do alto.
Entramos no hotel. Ao abrir a porta, ouvimos um barulho, “tim dim” e o porteiro caipira, com o que parecia ser um palito de dente na boca, uma camiseta regata branca um pouco suja, um boné velho sujo com graxa e com barba no rosto, nos atendeu...
-Querem um quarto? Temos o 301 disponíver.
Roger estava pasmo com o tamanho da barriga de cerveja do porteiro, que foi direto ao assunto com um sotaque que puxava o R e sem nenhuma educação.
-Gostaríamos sim e você poderia nos dizer...
Roger foi cortado na hora pelo caipira.
-É por aqui senhores.
O caipira andava de vagar, o que me irritou um pouco, pois Roger e eu estávamos cansados e queríamos dormir logo.
-O quarto tem duas camas, um em cada cômodo, um banheiro em cada quarto, uma sala na entrada com TV e outras coisas.
-Ficaremos com ele. Obrigado.
O caipira sem disfarçar, ficou na porta no lado de dentro do quarto, olhando para Roger e para mim, esperando uma gorjeta. Roger com sua educação deu a gorjeta para o caipira, mas o infeliz caipira que fedia a cigarro e cerveja continuou olhando pra mim. Acabei por dar um trocado para ele.
No dia seguinte procuramos dar uma volta pela cidade e procurar saber sobre sua história.
Conhecemos uma velha senhora, a única que foi simpática, pois o resto da cidade nos olhava como um olhar de medo.
-Vocês estão hospedados em qual lugar?
Dizia a velha senhora trocando o L pelo R.
-Estamos naquele velho hotel.
-É um lugar ótimo para ficar.
-Sim. –disse Roger, continuando o assunto ao olhar para um casarão velho do outro lado, no fim da rua- E aquele casarão velho?
A senhora ficou um pouco tensa e se calou por segundos, percebemos que algo havia de errado com a casa ou com ela.
-Você está bem senhora?
-Ah... Ah! Sim! Sim, estou bem...
A velha ainda assustada nos contou uma história um pouco intrigante, porém, que fazia Roger achar graça.
A velha nos chamou antes, para irmos a casa dela para tomarmos um café e comer uma torta de limão que ela havia feito horas antes. A qual estava maravilhosa.
Pois bem, a história que ela contou foi a seguinte:

Talvez vocês não conheçam a história da casa de Lusia...
Uma história que acabou virando motivo de risada para muitos e motivos de pavor para todos que vivem neste povoado.
Um motivo forte o suficiente para não irmos naquele local.
Anos atrás esta cidade era uma cidade bem frequentada, o comércio era grande, o prefeito ainda mantinha a cidade lá em cima, sabe? (perguntou à senhora, como se soubéssemos de algo para concordar).
Naquela casa houve uma grande tragédia. A mãe de duas filhas afogou uma delas na banheira, enquanto a outra ela esfaqueou. A parte de cima da casa se encheu de sangue que se misturou com a água da banheira, que escorria pelas escadas até a sala principal e a mãe delas se enforcou no porão.
Uma vez um jovem rapaz e uma linda jovem entraram lá dentro, passaram um dia lá vasculhando tudo. No dia seguinte saíram bem cedo, ainda com o sol começando a nascer.
Eles correram até o carro e saíram correndo, sumindo na estrada. Estavam bem assustados.
Alguma coisa havia acontecido lá e...
E a velha senhora abaixou sua cabeça e parou de falar. Como se tivesse falado de mais.
Ela então continuou:
“E sabemos bem o que é. Nunca entrem lá.”.

Como se já não bastasse a história horripilante de uma velha senhora, a qual morou anos e anos, até agora nesta cidade, Roger se interessou em ir naquela casa. Voltando ao hotel, ele me convenceu –pois eu também estava curioso- para irmos passar uns dias lá.
Pegamos nossas coisas, deixamos no carro e então partimos com um pouco de comida e água e uns maços de cigarro. A casa, embora o lado de fora estivesse muito velho, o lado de dentro estava perfeito. Como se fosse uma casa “nova”.
Passamos três dias lá e nada...
Voltávamos algumas vezes para o quarto do hotel para comer e tomar um banho. O banheiro da casa ainda nós conseguíamos usar para fazer algumas necessidades.
Como Roger e eu vivemos juntos desde a infância, não vimos problema em dividir a cama e que assim seja.
No quarto dia começamos a ouvir barulhos nas paredes, como se fossem ratos.
Era uma hora da manhã e eu acordei assustado.
-Roger?
-São ratos... Apenas ratos.
E logo voltei a dormir. Roger também havia acordado por causa dos barulhos e logo voltou a dormir, ignorando-os.
Passamos uma semana dentro da casa e nada havia acontecido. Roger ainda duvidando do que dizia ser “loucura” dos moradores, decide passar mais uma semana no casarão. Por essas e outras, eu também decido acompanhar meu amigo.
Na semana seguinte, começamos a vasculhar a casa.
O primeiro ponto foi na biblioteca. Achamos livros e revistas empoeirados, mesinhas antigas, poltronas que daria para desenhar ou escrever algo entre a poeira.
Subimos então no quarto das duas meninas e o quarto da mãe. Depois descemos até a cozinha e nos maravilhamos novamente com tremenda beleza de arquitetura daquele casarão.
Podíamos passar meses naquela casa, que ainda continuaríamos apreciando maravilhosamente cada tom de tinta nas paredes, cada ponto de arquitetura...
Enquanto vasculhávamos os quartos, começamos a achar objetos e algumas manchas mas paredes e chão. Manchas fracas, mas ainda manchas. Certamente do assassinato e suicídio.
Logo de noite o mais assustador aconteceu. Roger e eu acordamos e fomos até a cozinha ver o que era aquele barulho em plenas duas horas da madrugada.
Roger soltou um grito e então saiu correndo pela porta da entrada ficando no meio da rua parado, paralisado.
-Roger volta aqui! O que é isso! Meu Deus! Roger! Roger!
E ele ainda ficava parado.
-Louis! Não! Louis!
Pela parede da cozinha, parecia estar saindo um espectro, um rosto distorcido com a boca aberta, como se estivesse gritando. Escutei então um grito em um dos quartos das crianças, Roger saiu correndo e foi comigo ver o que era.
-Cara! Vamos sair daqui! Vamos Louis!
-Você queria ver não queria?! Agora vai aguentar, vamos até o fim!
Antes de subirmos as escadas, vimos água e sangue no chão, escorrendo pela escada até o piso térreo da sala principal.
Roger ficou muito assustado e mesmo assim continuou comigo, tentando descobrir o que havia acontecido e o que seriam aquelas visões que mais parecia coisa de nossa cabeça.
Subimos as escadas bem de vagar, com medo o que poderíamos ver ou do que poderia acontecer.
-Ei...Louis. Essa boneca estava aqui antes?
-Não Roger, você a deixou aí?
Roger me olhou assustado e a única resposta que obtive foi uma voz que ecoava pela casa, como se fosse um salão vazio...
Uma risada que arrepiou a nuca de minha alma. Uma risada bizarra e perversa, como se estivesse tramando algo. Foi quando então Roger gritou “Meu Deus!” e eu imobilizado, só pude ver, sem poder correr. Era como um sonho, do qual você tenta correr o mais rápido que pode e mesmo assim continua parado ou caminhando desesperadamente.
-Louis! É a mãe que se matou depois de matar suas filhas!
-Sim Ro... Roger! É a Lusia!
Nitidamente pudemos ver o espectro de Lusia, um fantasma, uma criatura, seja lá o que fosse aquilo, era de mais para a nossa cabeça!
Senti como se meu corpo tivesse tomado um choque, como aqueles sonhos que estamos descendo uma enorme escada e caímos lá de cima e antes de bater a cabeça, acordamos com um grande susto. Dizem que nosso espírito volta ao corpo forçadamente quando isso acontece.
Senti o fantasma de Lusia atravessar meu corpo e vimos ele correr para o banheiro.
No quarto de Lusia, seu corpo ainda estava lá. Um esqueleto caído ao chão com uma corda no pescoço, um esqueleto que parecia ter vida, que parecia nos olhar, olhar no fundo de nossas almas. Neste momento então a água da banheira começou a jorrar como se o cano tivesse quebrado.
Corremos então para o banheiro e vimos às duas crianças. Ou melhor, dizendo...
O FANTASMA DELAS!
Elas cantavam e seguravam uma boneca. Giravam lentamente seu corpo para um lado e para o outro. Roger estava em choque, não conseguia falar, muito menos andar. Assim como eu.
-Venha brincar com a gente...
Disse uma das meninas, com sua voz doce e mansa ecoando pela casa.
Seu vestido branco então começou a ficar vermelho, manchas de sangue tornava aquele branco neve em um forte vermelho sangue! Os cortes começavam a aparecer, enquanto a mãe ao lado da banheira, perto da janela assistia chorando com um olhar assustado. Friamente assustado.
A outra menina por sua vez começou a cuspir água, sua pele branca e fina se enrugou e então seus lábios começaram a ficar roxos, seus olhos com olheiras pretas e seu cabelo um tom de preto esverdeado. Seus olhos ficaram brancos e sua cabeça se elevou para cima e sua coluna partiu ao meio.
Dava pra ouvir o barulho dos ossos quebrando!

Roger e eu então corremos, quase caímos na escada e antes que saíssemos para a rua, paramos e olhamos para cima. Ali estavam paradas a mãe e suas duas filhas na sua frente.
A família estava unida. O horror tomava conta. O pânico, o susto, o irreal, hoje sabemos o verdadeiro sentido do medo.
Naquele momento vimos todas as nossas brincadeiras de criança passando em nossa cabeça rapidamente. Como aquela brincadeira do copo...
Roger e eu então corremos para o hotel, pegamos nossas coisas e então entramos no carro.
Na cidade não havia ninguém nas ruas, nas casas, a pequena população havia sumido.
Quando entramos no carro vimos um grande cachorro preto parado no meio da rua. Foi quando acelerei o carro e por um milagre, ele saiu queimando pneu e rapidamente já estávamos na estrada, rumo à cidade Tristan.
Quando estávamos já na estrada, vimos um palhaço com balões parado apontando o dedo em direção ao nosso carro, rindo, rindo muito. Certamente quase morrendo de rir.
Achamos bizarro, mas ainda seguimos em frente. Foi quando Roger deu um grito.
-Meu Deus!
O carro derrapou, capotou na ribanceira da floresta.
-Roger! Você está bem?
Quando perguntei a Roger se ele estava bem, percebi que ele estava morto e que o palhaço havia sumido. Corri novamente até a ribanceira e rapidamente, como um animal selvagem, escalei-a até a estrada. Lá de cima vi o palhaço no carro, em pé, do lado do cadáver de Roger. O palhaço estava com a boca aberta com cara de culpado e então em seguida começou a rir, acenando um tchau para mim. Um balão então saiu de dentro do carro, que dizia “Kiss my crazy, your crazy is your love and life!” “Beije minha loucura, sua loucura é seu amor e vida!”.
O balão estourou no ar, jorrando uma enorme lama vermelha, que mais parecia sangue.
Eu corri, corri o máximo que pude e ainda caminhando cansado na estrada, avistei Tristan.
Foi lá que recebi tratamentos como alimentação, banho e psiquiatra.
Fiquei cinco anos internado em um hospício. O mesmo foi incendiado por um acidente, onde todos morreram. Inclusive eu.

-J.P. Rose-