CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA

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segunda-feira, 27 de julho de 2015

A Chave do Monarca Azul

No ano passado (2014), Bruno Moraes começou a escrever A Chave do Monarca Azul como um conto. Agora, o autor buscou ajuda para lançá-lo como um livro através de um projeto de financiamento coletivo pelo Catarse. A campanha foi um sucesso e alcançou o valor que pretendia arrecadar bem antes do prazo final.

A Chave do Monarca Azul é uma obra de “horror cósmico” e “dark fantasy” narrada na claustrofóbica primeira pessoa de um escritor em crise. A história segue um autor de terror best-seller, consagrado no cenário da ficção nacional como um dos maiores de sua geração. Às vésperas do lançamento de seu esperado quarto romance, porém, ele recebe em casa uma correspondência que ele não havia encomendado. Era uma caixa. E o remetente se identifica como “Arlequim”, a entidade-pesadelo que o visitava em sua infância.

Citando Neil Gaiman, H.P. Lovecraft, Julio Cortázar, Lourenço Mutarelli e David Lynch como influências, Moraes lançará o livro em PDF com duas histórias bônus, e também em formato físico. O autor também organizou um sorteio para os apoiadores que adquirirem as recompensas que incluem o livro físico. Os ganhadores poderão escolher entre o livro, uma camiseta ou um pacote de três pôsteres e cinco ilustrações como prêmios.


quinta-feira, 16 de julho de 2015

Quem procura acha

Por: Joey Spooky Rose

QUEM PROCURA ACHA



Há um relato dos mais sombrios entre todos que haviam ocorrido naquela cidade. Muitos eram apenas contos de horror para colocar medo nas crianças; outros eram relatos que as pessoas preferiram fazer deles fantasia, do que um fato. Às vezes a verdade pode ser muito mais imprudente do que a mentira de uma fantasia.
Contarei-vos um relato interessante que ocorreu em uma pequena cidade do interior de São Paulo, Brasil.

Era julho de 2012, quando Julio passou a ter alguns problemas que muitos acreditavam ser psiquiátrico, mas que somente depois de seu desaparecimento, outros jovens passaram a ter o mesmo problema.
Em uma página na internet onde haviam sentenas de assuntos de terror, inclusive muitos que falavam sobre músicas tocadas de trás para frente, onde podia-se ouvir algumas palavras, murmúrios, que faziam saudações ao outro mundo...
A página era visitada com frequência por jovens apaixonados por terror e coisas do gênero. Julio era um jovem de vinte e dois anos de idade e trabalhava em uma pequena livraria perto de sua casa. Ele era apaixonado por terror, filmes, séries de cinema, livros e tudo o que podia encontrar para se apavorar diante de uma boa leitura.  Já havia pesquisado muitas coisas, inclusive estudado casos reais, mas nunca havia tido aquela experiência...
Na noite de 22 de julho de 2012, Julio começou a pesquisar quase o dia todo sobre símbolos, histórias reais e coisas das quais davam saudações ao inferno quando ouvidas de trás para frente. Julio sempre gostou de Rock Clássico e mal sabia sobre a música de uma banda chamada Led Zeppelin que quando se ouvia do lado contrário podia-se notar algo que parecia dizer "Sad Satan". Ficou realmente perplexo e começou a pesquisar mais sobre outras bandas e gêneros musicais, inclusive chegando a ouvir cd's de vinil antigos, daqueles de quando nossos pais eram crianças... Oque ouviu o apavorou. Mas não parou por aí.
Passou então a estudar religiões antigas e símbolos, mas nunca colocou nada em prática. Sempre pulava as partes que ensinavam sobre rituais, algo que nunca queria ter como conhecimento.
Lia em vários sites contos de terror, OVNIS e até assistia alguns vídeos onde pessoas narravam histórias assombrosas.

"Naquela noite então, 13 de dezembro, aproximadamente quatro horas da tarde, ele foi encontrado morto com uma corda de piano em seu pescoço. Não havia sequer sinais de arrombamento em sua casa. Menos ainda piano ou qualquer instrumento que utilizasse daquele tipo de material."

"...olhou para o lado de fora de sua casa e então visualizou uma criatura ordinária e horrível, encarando-o nos olhos. Acreditou ser algum tipo de demônio. Procurou por padres e até mesmo por outros mestres religiosos para entender o que era aquilo. Sua irmã fora encontrada morta com os olhos esbugalhados em frente a lareira de sua casa, quando ele voltou da faculdade."

"Queria entender oque havia acontecido, mas tudo era muito novo e diferente. Abriu os olhos e então notou uma criatura pavorosa. Suas músicas agora faziam sentido: Demônios existem."

Chegou a pesquisar sobre um escritor de um site desconhecido, onde escrevera uma série de contos que passaram a acontecer com algumas pessoas aleatórias pelo mundo todo. O mais estranho é que o escritor havia tido fotos e nome de cada uma das pessoas. No quarto, onde o escritor havia sido encontrado morto com os seus miolos pelas paredes, haviam símbolos que a polícia local acreditava ser símbolos satanistas. As vítimas só foram encontradas quando a polícia decidiu investigar da forma mais inimaginável: lendo o livro e seguindo suas pistas. Somente duas saíram vivas. No final do livro, o escritor através de um personagem disse: "Somente duas para contar a história".
Sentiu um arrepio em sua espinha. Decidiu parar de pesquisar e relaxar.
Desceu até a cozinha, onde pegou uma lata de cerveja. Caminhou lentamente com um pote de amendoím em uma de suas mãos, até o seu quarto e então olhou para o monitor de seu computador: no site, uma foto que ele não lembrara de ter deixado ali ou até mesmo de ter navegado na página onde se encontrava a porcaria da foto... Uma forma real de Baphomet. Uma cabra totalmente perfeita na figura daquele demônio. Tentou murmurar algumas palavras como "que merda é essa?!" mas engasgou com o gole de cerveja que havia dado bem na hora em que viu aquilo. "Devo ter deixado a página aberta sem perceber..." -Pensou, tentando convencer a si mesmo.
Fechou o navegador de seu computador, colocou uma música calma para tocar. Beatles. O clipe passava normalmente. Sentou em sua cama de forma que ficou quase deitado. Alguns amendoíns caíram pela cama e como de costume, Julio caçou alguns levando-os para a boca e mastigando. "croc croc".
Respirou profundamente tentando não se lembrar dos símbolos que havia visto em uma história. "Bobagem!".
Abriu os olhos e olhou para o teto de seu quarto. Encarou as paredes lentamente, admirando cara poster da Marvel e DC Comics, empresas de quadrinhos de super heróis. Deu um leve sorriso enquanto pensava: "Como eu sou criança... Eu guardo isso há tantos anos e até hoje não consigo me livrar".
De repente, ouviu um grunhido estranho. Como se alguém estivesse engasgado enquanto tentasse falar. Olhou assustado ao seu redor. Viu em seu computador a foto do álbum Abbey Road, da banda Beatles e então se lembrou de uma lenda que até hoje as pessoas falam. Para quem conhece a banda, entende bem do que se tratava: Cada integrante vestido de uma maneira. Lennon, segundo oque dizem, estava preparado para morrer e Paul para um velório. Lennon era o único descalço e de roupa social branca.
Julio sorriu novamente, puxando um ar de graça, de muita graça que logo o fez cair na gargalhada. "Seu idiota, é claro que isso é mentira! As pessoas fazem de tudo para manter uma lenda ainda mais viva!".
Comeu alguns amendoíns. Bebericou sua cerveja e novamente ouviu o grunhido. Seu coração disparou. "Eu preciso parar de ver essas merdas na internet" -Pensou.
Depois de um tempo que o efeito da cerveja passou, Julio sentiu sono. Desligou seu computador e dormiu.
Na manhã seguinte, Julio acordou e ligou o seu computador para finalizar o trabalho de um site para um cliente. Notou algumas letras sem sentido na tela de seu computador. Letras das quais sua mente gravou muito bem; Mas não o suficiente para faze-lo lembrar como eram.
"Ahca arucorp meuq. EtidercA."
Sentiu um gelo em sua barriga enquanto seu coração parecia estar batendo em sua garganta. Seus olhos ficaram embaçados mas rapidamente recuperou a visão, como se quase não percebe que estava a ponto de ter um treco, ou um piti. Pensou novamente no que vira. Foi questão de segundos, como quando temos a impressão de ver alguém e quando olhamos novamente, já não está mais lá. Ignorou e pensou em se acalmar. Focou sua cabeça em seu trabalho.
Em meio à tantos HTML e chaves que ele demorou meses para conseguir entender, teve a impressão de novamente ver aquela maldita frase ao contrário. Decidiu sair caminhar para tomar um ar.
Abriu o portão de sua casa e então o fechou. Ao virar-se em direção à rua, levou um susto gigantesco ao ver dois homens atravessando a rua rapidamente em sua direção. Roupa social e escura. Cada um deles segurando uma maleta e um livro pequeno.
-Olá senhor, gostaria de ouvir a palavra de sued?
-Como disse?
-Gostaria de ouvir a palavra de Deus?
Logo o outro jovem rapaz de roupa social, maleta e livro disse:
-O senhor está bem? Parece um pouco assustado...
-Estou bem obrigado. E não. Não gostaria...
Julio saiu andando deixando os dois religiosos olhando-o enquanto se afastava. Ouviu um grito ensurdecedor e rouco, seguido de uma risada:
-SUED! SUED!
Olhou para trás e não viu mais os dois rapazes.
"Estou ficando idiota da cabeça! Eu preciso parar de pesquisar essas merdas!"
Entrou então em um boteco onde haviam mais ou menos dez homens. O lugar fedia à urina e bebida alcoolica. Um homem gordo, barbudo e robusto apareceu atrás do balcão.
-O que você quer rapaz?
-Um maço de cigarro, por favor.
-Cinco reais, campeão!
-Aqui está...
-Obrigado garoto! Sued!
Julio olhou para trás e encarou o homem. O homem embora parecesse um gigante incrivelmente forte, estava com um sorriso simpático enquanto guardava o dinheiro do caixa. Julio sabia que o tal "sued" fora impressão.

Os dias foram passando e Julio passou a não ter mais a sensação de ouvir coisas que não existiam. Começou novamente a pesquisar algumas coisas para concluir o seu livro.
Julio era um escritor e estava escrevendo o seu primeiro livro. Suas histórias eram contadas de sua maneira através de coisas que ele pesquisava. Estava quase no final.
De noite, Julio ouviu um barulho em sua cozinha e rapidamente foi ver o que era. Uma tampa de panela no chão e sua mãe o encarando assustada.
-Te acordei filho?
-Não... Eu estava acordado, usando a internet...
-Ah... Ju, vai dormir um pouco, você fica madrugando na internet e não dorme nada filho! Mamãe está ficando...
-Tudo bem mãe... Eu já estou indo. Boa noite.
-Boa noite. sued.
Finalmente seu coração parou. Seu corpo paralisou e o tempo parecia ter parado. Não sentia seu corpo, menos ainda sua respiração. Virou-se em direção de sua mãe com um olhar de íra.
-O QUE VOCÊ DISSE? SUED? SUED? PRO INFERNO! PRO INFERNO!
E então correu até seu quarto onde se trancou. Sentou na cama e finalmente voltou a sentir a vida ao seu redor. "Eu estou ficando louco".
Olhou para a tela de seu computador e novamente viu as letras invertidas. Com um salto, Julio se levantou e abriu a janela de seu quarto. Sentiu o vento em seu rosto. Olhou pra rua e viu os dois rapazes parados. Sentiu um desespero gigantesco tomando conta de seu coração. A campainha de sua casa tocou.
Julio correu até a sala de visitas, onde viu sua mãe atendendo os dois rapazes.
-Olá senhora, gostaria de ouvir a palavra de Deus?
-Não, obrigada. -Disse ela com um sorriso simpático- Sou cristã.
-Graças a Deus, senhora. Desculpe o incômodo.
Julio foi até o banheiro para jogar água em seu rosto. Olhou para o espelho e quase na mesma hora o socou, levando os estilhaços ao chão. Vira seu rosto completamente deformado e na parede refletida no espelho, viu a palavra "Deus" escrita com sangue.
Correu de volta ao seu quarto, onde tocava uma música em seu computador. Não pode entender que banda era e qual música tocava. Estava tocando ao contrário...
Julio tentou desligar o seu computador quando notou as palavras em seu monitor, novamente. Anotou-as em um papel e então conseguiu chegar a conclusão do que estava escrito: "Quem procura acha. Acredite".
Encontrou em seu coração o desespero. Saiu de sua casa para caminhar. Julio nunca mais fora visto.
Cinco anos depois, outros dois casos iguais ficaram conhecidos por sites de terror. Inclusive um jogo para computador fora lançado "Quem Procura Acha".
Julio procurou entender o sobrenatural. Mas se esqueceu do velho ditado de sua mãe: "Quem procura... Acha!"