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segunda-feira, 18 de março de 2019

O porão da Srta. Pepper - Parte 2 e 3

O porão da Srta. Pepper





O porão da Srta. Pepper




Sinopse

Lisa e sua amiga Jennifer não deveriam se meter naquilo que não é de sua conta.
Um porão. Uma velha. Um pesadelo.
É verdade quando dizem que...
A curiosidade matou o gato.


Escrito por: Joey Spooky Rose




O porão da Srta. Pepper


2. O Festival (Cliver)


Em poucos dias haveria de começar o festival de inverno que a cidade de Cliver preparava todo ano. E pela primeira vez, Lisa iria conhecer a festança. Senão fosse o inconveniente de sua amiga, tudo seria uma maravilha: Garotos. Havia uma grande possibilidade de que dois garotos acompanhassem as duas jovens. O problema era a de que Lisa não tinha interesse algum nos garotos daquela cidade. Mas sua amiga sim.
No dia do festival, Lisa e sua amiga decidiram invadir a casa da velha para ver o porão. Era uma ideia péssima. Era uma ideia detestável ter que sair com dois garotos como se fosse um encontro -embora não fosse um-, mas a ideia se tornou perfeita. Se algo desse errado, nada melhor do que dois garotos idiotas para serem a isca. Era a ideia perfeita.


Às oito horas da noite, o grupo de amigos caminharam sorrateiramente pelos fundos da casa de Mary. Ao se aproximarem da janela, um dos garotos -quase que por um milagre- abriu a porta ao lado sem muito esforço. Eles se entreolharam e sorriram com malícia.
-Conseguimos! -Disse Jennifer, sussurrando.
Antes que Lisa pudesse desistir e dizer que aquilo era uma péssima ideia, um dos garotos havia acabado de passar uma das pernas pela janela e finalmente entrado na casa.
-Vem, vem! -Sussurrou William.
Lisa olhou para os lados como um criminoso fugitivo procurando por abrigo e então entrou.
Havia um cheiro estranho naquela casa. Um cheiro tão familiar que fez com que o grupo de amigos relembrassem sua infância. A casa era pequena, o que não dificultou muito o grupo para achar o porão.
-Ali! Ali está o antro da bruxa! -Disse Jennifer sussurrando.
Eles tentaram conter o riso.
Logo eles caminharam rapidamente até a porta do porão evitando se aproximar das janelas. Um barulho estranho. Um ronronar profundo e carinhoso.
Lisa interrompeu o grito antes que ele surgisse, levando as mãos à boca e levantando uma das pernas. Quando olharam para baixo, notaram um gato esfregando o corpo na perna de Lisa. Novamente o grupo conteve a risada o máximo que puderam e então abriram a porta estreita do porão que suavemente rangeu.
-Shhhhh! Não faça barulho. -Sussurrou Cris, o mais baixo que pode.
Uma escuridão sem igual surgiu, fazendo a escada velha sumir em meio à ela. Assim como Jennifer.
A escada rangia suavemente enquanto ela descia com cautela. Então um clarão surgiu. Um clarão quase tão forte que fizera com que o grupo de amigos ficassem cegos por um segundo. Olhando para trás enquanto terminava de descer a escada, Jennifer ignorou o gato, bem como o resto do grupo que observava a coragem da menina. O gato ainda estava parado, observando.
Um olhar estranho. Um olhar diabólico, indiferente e cauteloso.
-Lisa...
Quando finalmente o grupo conseguiu enxergar boa parte do porão, eles perceberam que quem procura acha.
Havia algumas estantes no porão. A maioria com olhos, cérebro, fetos humanos e de animais dentro de potes em conserva. Haviam também alguns animais asquerosos como insetos e filhotes de animais selvagens empalhados. Todos estavam em potes repletos de um líquido amarelado. Tudo aquilo era nojento e muito assustador. Em algumas estantes havia também alguns livros velhos e empoeirados.
Eles caminharam lentamente observando tudo aquilo com pavor. Queiram sair dali o quanto antes e foi exatamente o que Cris e William fizeram, foram embora deixando as duas garotas lá. Bando de covardes medrosos.
-Meu deus...! -Disse Lisa com espanto.
Logo observaram um gato empalhado em uma das estantes. Seus dentes pontudos e afiados, os olhos grandes e verdes, de feição selvagem e amedrontadora.
-Lisa... Vamos sair daqui!
Então elas notaram que do outro lado do porão havia uma cripta de mármore preto com a tampa entreaberta e na inscrição dizia: Loretta Hopkins. Mãe dedicada, amiga amorosa. Descanse em paz. 1995-2014.
As duas então esbarraram uma na outra e correram. Subiram a escada tão rapidamente que mal sentiram as pernas subindo os degraus. Quando finalmente saíram do porão, ela estava lá.
A srta. Hopkins sorria com seus dentes compridos como o de um cadáver. Alguns fios de cabelo desbotado e bagunçado. Lisa então viu a mão direita da velha se esticar e as unhas longas e esverdeadas fora a última coisa que Lisa viu naquela noite.


3. O dia seguinte (Depois que a curiosidade quase matou o gato)


Um barulho. Um barulho seco, oco. Um estalo estranho vindo do porão.
8 horas da manhã. Lisa finalmente acordou. Seu corpo estava quente e suado. Mas... Que porra foi essa? -Pensou enquanto tentava se acalmar.
Levantando da cama, a jovem assustada caminhou até o banheiro para se olhar no espelho. Seu coração parecia que iria sair pela boca. Não havia marcas em seu rosto e tudo parecia bem. Permitindo que a luz do dia entrasse em seu quarto, Lisa abriu a janela sentindo o que parecia ser uma leve onda de calor que aos poucos derretia a neve nas ruas. Mas o sopro de ar gelado ainda estapeou seu rosto e a luz do sol parecia tomar força aos poucos.
Lisa então tomou banho e em seguida foi até a cozinha. Enquanto tomava café da manhã, alguém bateu na porta.
-Tudo bem querida, continue sentada tomando o seu café. Eu atendo. -Disse sua mãe.
O café estava quente e doce. Descia por sua garganta como uma poesia desce suave ao coração. Era bom ver que tudo estava bem.
-Senhorita Hopkins! Por favor, entre! Está frio aí fora. Gostaria de beber alguma coisa?
-Oh! Não, querida. Eu só vim conversar sobre o festança que vai acontecer daqui uns dia.
Como era de se esperar, o coração de Lisa disparou e ela quase cuspiu todo o café que tomava. Seu corpo parecia petrificado enquanto sua mãe chamava a sua atenção.
-Lisa, querida… Venha dar oi para a senhorita Hopkins…
-Ora… Que isso! Me chame apenas de Mary. -Disse a senhora sorrindo.
A jovem garota assustada virou-se lentamente para trás, observando o sorriso cretino da velha. Lisa então sentiu que, o que parecia ter sido um pesadelo, poderia realmente estar acontecendo.
-Filha! O que deu em você? Eu em...!
-O...Oi... Se... Senhorita Hopkins...
A velha sorriu com maldade. Logo voltou sua atenção para Beatrice, mãe de Lisa.
-Me desculpe, Mary. Esses jovens parecem uns doidos e...
-Tudo bem... Eu entendo... Eu entendo.
A velha colocou o seu braço pálido e enrugado sobre as costas de Beatrice. Agora sim, Lisa cuspiu todo o café com o susto que havia tomado.
Notando que a menina havia engasgado, a velha disse: -Cuidado, Lisa. Não vai morrer… engasgada. -E então sorriu diabolicamente enquanto caminhava para a sala de estar.
As unhas da velha eram amareladas e pareciam duras como pedra. Unhas grandes e nojentas.
Lisa correu para o seu quarto, pegou seu celular e ligou para Jennifer. A mãe da menina entendeu ao telefone chorando e uma notícia horrível surgiu: Jennifer morreu durante a noite.
Lisa olhou desconsolada pela janela e viu uma silhueta no porão da velha. Era a imagem borrada do que parecia ser... A srta. Pepper. Um apelido que Jennifer e Lisa haviam dado à Mary Hopkins devido ao seu jeito que a fazia parecer uma velha sargento aposentada. As duas jovens fizeram referência à música dos The Beatles, Sgt. Pepper’s Lonely Heats Club Band.
Do outro lado da rua, o gato da velha encarava a janela do quarto de Lisa e então...


Um barulho. Um barulho seco, oco. Um estalo estranho vindo do porão.





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Escrito por: Joey Spooky Rose

Fonte da foto: Google Imagens